Biografia
Nascido em São Paulo, Ronaldo Mouth Queiroz começou a trabalhar aos 13 anos como fiscal de propagandas de rádio. Foi aprovado no vestibular para o curso de Geologia na Universidade de São Paulo (USP), onde começou a fazer parte do movimento estudantil. Nesse período, dava aulas em cursos pré-vestibulares. Tanto no colégio, como durante a faculdade, publicava jornais de humor sob o pseudônimo “Mc Coes”. Posteriormente, essas publicações passaram a tratar de temas políticos.
Em 1969, iniciou a militância na Ação Libertadora Nacional (ALN) e procurou articular a organização com o movimento estudantil. Entre 1970 e 1971, foi presidente do Diretório Central de Estudantes da USP. Em razão das perseguições políticas a que foi submetido, já no final de 1971 passou a viver na clandestinidade. Morreu em São Paulo, no dia 6 de abril de 1973, em circunstâncias ainda não esclarecidas. De acordo com a versão oficial apresentada pelos órgãos de repressão do Estado e publicada no Jornal do Brasil de 7 de abril de 1973, Ronaldo Mouth teria morrido em confronto armado com agentes de segurança do Estado, após ter resistido à ordem de prisão. O laudo necroscópico, assinado pelos legistas Isaac Abramovitc e Orlando Brandão, também confirma a versão oficial dos fatos ao descrever as lesões que provocaram sua morte.
Passados mais de 40 anos da morte de Ronaldo Mouth Queiroz, as investigações realizadas pela Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos e, mais recentemente, pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) revelaram a existência de indícios que permitem apontar a falsidade da versão divulgada pelos órgãos de repressão. Segundo o documento do Instituto Médico Legal de São Paulo (IML/SP), o corpo de Ronaldo teria chegado ao necrotério às 8 horas do dia 6 de abril de 1973. O mesmo documento registra que a morte teria ocorrido às 7h45. Entretanto, os 15 minutos de diferença entre o horário da morte e o horário de chegada do corpo ao IML seriam insuficientes para o traslado do cadáver entre os dois pontos da cidade. Ademais, até o momento, não foram identificados outros documentos que permitam comprovar a versão de que houve um confronto entre Ronaldo e agentes do Estado, tais como perícia de armas e perícia do local onde o confronto teria acontecido.
Uma testemunha, Paulo Antônio Guerra, também ex-aluno da Geologia, diz ter visto o momento em que Ronaldo foi assassinado por três homens que teriam descido de um veículo e disparado contra ele, posteriormente esses homens teriam colocado uma arma nas mãos de Ronaldo já morto. Em 2012, as circunstâncias da morte de Ronaldo foram mencionadas no livro Memórias de uma guerra suja, de autoria do ex-agente da repressão Cláudio Guerra.
De acordo com o relato, ele teria recebido ordens para executar uma pessoa em um ponto de ônibus na avenida Angélica, em São Paulo (SP). Cláudio Guerra disse que participaram da ação com ele o sargento Jair, o tenente Paulo Jorge (conhecido como “Pejota”) e “Fininho”, e que os três teriam executado Ronaldo Mouth Queiroz. Os restos mortais de Ronaldo Mouth Queiroz foram enterrados no Cemitério da Saudade, em São Paulo (SP).